Santo Domingo de la Calzada
Vamos conhecer a história de Santo Domingo de la Calzada.
Depois disso , você certamente terá um olhar diferente quando passar na região de La Rioja e especificamente no trecho e na cidade que leva o nome desse homem santo.
Infância de Domingo.
Domingo nasceu em 1019 na cidade de Viloria de Rioja, 15 quilômetros a oeste de Santo Domingo de La Calzada.
Filho de camponeses, seu pai chamava-se Jimeno Garcia e sua mãe Orodulce.
Foi ela quem deu ao pequeno o nome de Domingo.
Domingo era uma criança muito responsável, desde muito cedo ajudava nos trabalhos da fazenda.
Com o passar dos anos Domingo percebe que sua vocação não era trabalhar na fazenda.
Queria estudar.
Foi assim que, com 10 anos de idade, mesmo sem saber ler e escrever, seus pais o encaminharam para o Monastério Beneditino de Valvanera.
No entanto, o pequeno Domingo, não foi recebido com entusiasmo.
Mas essa rejeição lhe deixa abatido, ao contrário, passou a dedicar-se com entusiasmo aos estudos.
Em orações, pedia para que a virgem lhe ajudasse a compreender o que estava escrito nos livros.
Mas Domingo se deu conta que sendo admitido pelo monastério, teria que se dedicar o resto de sua da vida àquela missão.
Não estava certo se era isso que desejava.
Adolescência de Domingo.
Agora com 15 anos de idade e em meio a essa indefinição, Domingo recebe a notícia da morte de seu pai.
Esse acontecimento o faz abandonar os estudos e voltar à fazenda para ajudar a sua mãe.
Passaram-se mais alguns anos e o jovem Domingo, ainda se mostrava insatisfeito.
Sua mãe percebe a angústia do filho e sugere que deveria voltar a Valvanera e seguir sua verdadeira vocação.
No entanto, novamente o Monastério de Valvanera o rejeita.
Domingo então busca uma segunda oportunidade no monastério de San Miguel de la Cogolla.
mas também foi rejeitado.Domingo perde a esperança, não queria voltar a fazenda, ressentia que seu destino era outro.
Santo Domingo se transforme em Ermitão.
Foi nesse empasse que conhece um Ermitão que vivia naqueles arredores.
Aquele homem, percebe a dor de Domingo e o acolhe com muita compaixão e carinho.
Com esse ermitão, Domingo aprende escutar a Deus.
Começa então a seguir os passos de seu mestre.
Descobre em suas andanças uma misteriosa ruína que teria sido um antigo palácio dos reis de Nájera.
No interior dessa ruína, descobre uma capela dedicada a Virgem, totalmente abandonada.
Nesse momento com muito entusiasmo pensou que poderia reconstruir tudo aquilo e começa a se dar conta dos planos que Deus preparava para ele.
Assim, faz daquela ruína seu refúgio para rezar em solidão e trabalhar.
Percebe com o passar dos dias que não muito longe dali passava uma rota milenar de peregrinos.
Era nada mais nada mesmo que o milenar Caminho de Santiago de Compostela.
Nesse momento os planos de Deus vão ficando mais claros.
Santo Domingo de la Calzada começa a ajudar os andarilhos.
Domingo ao ver o sofrimento daqueles andarilhos não se contém.
Abandona a solidão e começa a reconfortar aqueles peregrinos
Muito rapidamente a notícia se espalha entre aqueles que faziam a rota de Santiago de Compostela.
Diziam que depois de Nájera havia um homem muito generoso que socorria e dava apoio aos peregrinos sem pedir nada em troca.
Domingo constrói uma mesa bastante rústica e dentro de suas possibilidades começa dar de comer e beber aos caminhantes que tinham sede e fome e rezava junto com eles.
Dessa forma os peregrinos seguiam seu caminho confortados no corpo e na alma.
A juventude de Santo Domingo de la Calzada.
Era o ano de 1039, Domingo com 20 anos seguia firme no seu propósito.
Em um momento difícil para aquela região, Roma envia o Cardial Gregório que tinha como missão ajudar aquela gente que sofria com uma invasão repentina de gafanhotos.
Domingo vai ao encontro de cardeal Gregório que percebe no jovem uma enorme vontade de servir aos demais.
Domingo leva o Cardeal para visitar seu refúgio e suas obras de caridade e hospitalidade aos peregrinos.
Gregório fica muito entusiasmado com as iniciativas de Domingo, mas lhe diz que precisava muito mais.
Dessa maneira, recebe a missão de levantar uma igreja maior, ampliar e limpar o caminho e ainda construir uma ponte sobre o rio Oja.
Domingo e o cardeal Gregório se tornam amigos e juntos começam a construção de uma ponte de madeira sobre o rio Oja.
Sabiam das enormes dificuldades dos peregrinos que chegavam até ali que para continuar a peregrinação pelo Caminho de Compostela precisavam atravessar aquele rio.
Assim, Domingo e Gregório motivados pelo enorme prazer de servir a Deus e ajudar aos caminhantes, trabalhavam sem descanso.
Todo esse esforço acaba por atrair muitos camponeses da região que se contagiaram pelo entusiasmo dos dois.
Dessa maneira, a comunidade, além de cooperar com ajuda econômica e material, também passa a trabalhar na obra com enorme disposição.
O resultado de toda essa cooperação é uma belíssima ponte de madeira que imediatamente passa a ser utilizada pelos peregrinos.
Santo Domingo de la Calzada passa a ser um peregrino
Por volta de 1039 logo após a conclusão da obra, Domingo com vinte anos de idade, resolve que iria fazer o Caminho de Santiago e peregrinar rumo a Compostela.
Sabe-se que Domingo volta à sua região cerca de cinco anos depois.
Ocasião em que reencontra seu amigo Gregório muito adoentado.
Não demora muito e Gregório morre.
Santo Domingo de la Calzada continua as obras de melhoria do Caminho de Santiago.
Agora Domingo, teria que se encarregar daquela enorme responsabilidade sem ajuda do amigo.
Por volta do ano 1045 começa o calçamento de uma parte do Caminho de Santiago que ficou abandonado durante os cinco anos em que passou fora daquela região.
Mais uma vez com grande entusiasmo de servir a Deus e aos peregrinos se dedica àquela obra e em pouco tempo o caminho estava aberto, limpo e calçado
A fama de Domingo começa a se espalhar entre os peregrinos e habitantes da região que começam a chamar aquela parte do caminho de “A Calzada de Domingo e mais tarde de “Domingo de la Calzada”.
No entanto, os problemas começam a surgir, a ponte construída de madeira tempos atrás, começa apresentar sérios problemas na estrutura.
Certamente, Domingo sabia que aquela ponte precisaria ser reconstruída urgentemente.
Entretanto, dessa vez, precisaria ser feita de pedra.
Foi assim que com ajuda dos camponeses da região começa a obra.
Foram anos de dedicação e muito trabalho enfrentando todas as dificuldades debaixo de sol, chuva e inverno rigoroso.
Primeiro milagre de Santo Domingo de la Calzada
Ademais, conta a tradição que foi nessa ocasião que se deu o primeiro milagre de Santo Domingo de la Calzada.
Durante a obra da ponte de pedra, Domingo utilizava a força de animais para puxar pesados troncos e carregar pedras.
Um jovem que queria desafiar Domingo lhe oferece vários touros, embora soubesse que aqueles animais eram muito bravos e perigosos.
Domingo aceita os animais e para a surpresa daquele jovem maldoso, os touros fizeram todo o trabalho e ainda permaneceram docilmente ao lado de Domingo.
A fama de Domingo crescia em toda região e a sua obstinação crescia junto com ele.
Dessa maneira, com o Caminho feito e a ponte reconstruída começa a vislumbrar a possibilidade da construção de um hospital para os peregrinos.
Daquele local até Santiago de Compostela ainda faltam cerca de 600 quilômetros.
Hospital de Peregrinos
Domingo percebia que muitos peregrinos que passavam por ali já estavam bastante debilitados e sabia que uma parte significativa não conseguia chegar ao destino.
Muitos estavam há meses fora de casa e já tinham percorrido muitíssimos quilômetros até ali.
Muitas vezes esses peregrinos vinham de pontos distantes da Europa, como Alemanha, Itália França etc.
Portanto, Domingo imaginou que um hospital de acolhimento aos peregrinos seria o que faltava para completar a sua obra.
Dessa forma, Domingo começa a divulgar a ideia com todo entusiasmo que lhe era peculiar
Entretanto, sabia que dependeria uma vez mais da colaboração dos habitantes.
Mas os tempos haviam mudado, sentiu uma enorme dificuldade de contar com a ajuda dos camponeses.
Estavam convencidos que não queriam mais dispender recursos para aquela finalidade.
Domingo sabia que iria precisar de uma grande quantidade de madeira para a construção do hospital e as terras que pertenciam àquelas pessoas tinham o material suficiente para a obra.
No entanto, dessa vez, os donos das terras o negaram.
Segundo milagre de Santo Domingo de la Calzada
Sem mais argumentos, Domingo em sua obstinação faz uma proposta aos camponeses, que embora tivessem achado absurda, aceitam o desafio.
Desse modo, conta a tradição que Domingo empunhando uma foice teria dito aos donos das terras que somente as árvores derrubadas com aquela ferramenta seriam retiradas da propriedade.
Diante do tamanho desafio, os camponeses se renderam mais uma vez a Domingo.
A tradição nos conta que Domingo fazia fortes orações antes de golpear os troncos das árvores que em seguida caiam sem oferecer nenhuma resistência.
Passados alguns meses, os donos das terras foram ver espantados que Domingo já tinha madeira suficiente para construir o Hospital de Peregrinos.
Dessa forma, esse foi mais um milagre atribuído ao Santo.
Assim se passaram cinco anos e em 1049 Domingo agora com 30 anos vê o hospital de peregrinos pronto e funcionando.
Muitos peregrinos depois que chegavam ali e tomavam conhecimento da dedicação de Domingo acabavam ficando e ajudando-o em sua missão,
Ele se tornara um exemplo de amor a Deus e entrega na missão de servir as pessoas.
Os voluntários ajudavam Domingo a cuidar das enfermidades dos peregrinos, assim como nos diversos afazeres como cozinhar, limpar, cuidar da manutenção do hospital da ponte e do caminho.
Além é claro, de rezar e dar assistência espiritual a todos os caminhantes que precisassem.
Domingo completa 70 anos de vida
Dessa maneira, aproximadamente 40 anos se passaram e aquele trecho do Caminho de Santiago, assim como os feitos e a dedicação de Domingo de la Calzada eram reconhecidos e reverenciados em toda a Europa.
Foi assim que a fama daquele santo homem chega ao conhecimento do Rei Alfonso VI de Castilla y Leon que não hesita em visitar Domingo pessoalmente e conhecer de perto a sua obra.
Nesse encontro o rei fica muito impressionado com o que vê e imediatamente solicita e encomenda a Domingo que estendesse suas obras para além daquela região.
Portanto, o Rei Alfonso VI passa a oferecer ajuda econômica a Domingo que aproximadamente aos 70 anos de idade começa a construir pontes desde Logroño até Santiago de Compostela.
Domingo passa alguns anos se dedicando a esse projeto e quando todas as pontes já estavam prontas ou em andamento retorna ao Hospital.
Domingo conhece Juan de Ortega e começa a construção da igreja.
Juan de Ortega
Nesse próximo período junta-se ao jovem Juan de Ortega, seu melhor discípulo e amigo.
Juntos trabalham no acolhimento de peregrinos, constroem mais pontes, além de abrir novos caminhos.
Dessa forma, Domingo é incansável e foi assim que em 1098 agora com 79 anos começa a construção de uma igreja que mais tarde seria a majestosa catedral de Santo Domingo de la Calzada.
É nesse período de construção que a tradição nos conta mais um de seus milagres:
Um o trabalhador alemão, pedreiro da obra da igreja, sofre um terrível acidente.
Conta a tradição que uma carroça carregada com pedras passa por cima de seu corpo quando descansava.
Domingo avisado pelo amigo Juan de Ortega corre para socorrer o homem que já se encontrava morto quando Domingo chegou.
Bastante impactado Domingo faz uma oração à Virgem e homem se recupera e volta a viver.
Esse é mais um milagre atribuído a Santo Domingo.
Assim, as obras seguiram e em 1.106 quando Domingo já estava com 87 anos a Igreja de Santa Maria fica pronta e é inaugurada num dia de grande festa na cidade para todos que participaram de mais uma de suas grandes obras.
Nos próximos três anos depois Domingo continuava trabalhando com o resto das forças que ainda lhe faltavam, sempre com ânimo e boa vontade conduzia uma legião de pessoas que o seguia a davam impulso e continuidade a seu trabalho.
Domingo recordava de todos aqueles anos desde que chegara naquele bosque, as pontes, a mesa de acolhimento dos peregrinos, a capela à virgem, os caminhos abertos, os calçamentos, o hospital de peregrinos e agora Igreja de Santa Maria, até o seu próprio sepulcro já estava pronto.
Santo Domingo de la Calzada descansa na paz do dever cumprido
Por fim chegamos ao de 1109, Domingo aos 90 anos cai enfermo.
Antes de partir, no entanto, faz questão de deixar suas últimas instruções a seus discípulos:
“Servir a Cristo, ajudar a tudo que precisasse os peregrinos, amar a Virgem Maria e acolher a todos que visitassem aquele pobre vilarejo que tinha acabado de nascer.
E dessa forma a 12 de maio de 1109 Domingo vem a falecer.
A igreja Católica canoniza Domingo de la Calzada que passa a ser considerado Santo Domingo de la Calzada.
Como homenagem o Município recebe seu nome.
O Hospital de peregrinos, transformado hoje em albergue, ainda é no mesmo local e tem o nome de Casa de la Cofradía del Santo e continua a acolher os peregrinos que rumam a Santiago de Compostela.
A ponte sobre o rio Oja, totalmente restaurada é passagem obrigatória para os caminhantes.
As estradas, pontes e caminhos próximos a cidade de Santo Domingo de la Calzada, restauradas, são as mesmas por onde passaram milhões de peregrinos de todo o mundo.
Dessa forma, na Espanha o Santo Domingo é o padroeiro dos engenheiros e construtores civis.
A igreja de Santa Maria, sua última obra, tornou-se a majestosa Catedral de Santo Domingo de la Calzada onde o corpo de Santo Domingo repousa para eternidade.
Veja também: Quanto custa fazer o caminho de Santiago
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